Medo da Matemática: um problema mal resolvido...
Atualizado: 16 de mar. de 2021
A Matemática é imprescindível para nossa sobrevivência e para o exercício da cidadania. Ela é tão presente em nossas atividades cotidianas que temos a impressão de que a sua prática acontece naturalmente.
Diariamente usamos conhecimentos matemáticos e “fazemos Matemática”, sem ao menos perceber. Não é mesmo?
Entretanto, apesar da indiscutível relevância social da Matemática, culturalmente, lidamos com problemas mal resolvidos sobre ela.
Você sabia?
Que matofobia se refere ao sentimento de medo e aversão à Matemática?
(FELICETTI e GIRAFFA, 2008).
Mas, por que, em pleno século XXI, milhares de pessoas desenvolvem sentimentos de medo, aversão e ansiedade em relação à Matemática?
Veja algumas frases, aparentemente inofensivas, que há muito tempo passam de geração e geração, reforçando a imagem distorcida sobre a Matemática.
A Matemática é só para gênios.
Se a minha filha “puxar” para mim, não vai aprender Matemática nunca.
Arthur é ótimo em Matemática, mas a Laura!
A Matemática é complexa e difícil.
Me diz: "QUEM NUNCA" ouviu ou disse ao menos uma dessas frases ao longo da vida?
Mas, afinal, o que essas frases querem dizer?
A frase "A Matemática é só para pessoas inteligentes, para gênios" é contrária à própria capacidade racional do homem. Toda criança, adolescente ou adulto é capaz e tem o direito de aprender Matemática, assim como qualquer outra Ciência. Essa perspectiva elitista e injusta, além de colocar a Matemática num pedestal em relação a outras Ciências, o que não é correto, reforça o acesso privilegiado ao conhecimento matemático a uma parcela da população.
A expressão "Meu filho puxou para o pai ou para mãe em Matemática” transmite a mensagem de que o processo de aprendizagem é um fator genético. Bem, se aprender matemática depende de uma estrutura genética, isso significa que já nascemos com a sentença de fracasso ou sucesso em relação a ela. Essa também é uma condição pouco provável, pois a Matemática não é um “dom” inato ao ser humano, ela pode ser aprendida ao longo da vida, por todos.

A afirmativa “Fulano é ótimo em Matemática, mas a fulana...” carrega uma crença pouco fundamentada de que os sujeitos de sexo masculino são “melhores” em Matemática do que os de sexo feminino. Frase que também é refutável, pois afinal, a história da humanidade é repleta de personalidades femininas no mundo das Ciências e Tecnologias.
Por fim, a frase comumente reproduzida de que a “Matemática é difícil!”, reforça a visão negativa de uma Ciência que é fundamental para o desenvolvimento da humanidade. Além disso, evidencia uma grande contradição: Se é tão complexa assim, como conseguimos sobreviver e conviver diariamente com ela?
Infelizmente, pelo simples fato de ouvir e incorporar esses discursos, muitas pessoas desenvolveram, desenvolvem e hão de desenvolver crenças equivocadas sobre a Matemática, mostrando-nos que o que dizemos sobre ela precisa ser substituído por afirmativas que transmitam alegria, pertencimento, capacidade, encantamento e prazer em aprender Matemática.
Talvez seja esse o primeiro de muitos passos necessários para a resolução desse problema.
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#Pedagogia #Matemática #Educaçãoinfantil #Ensinofundamental
Abraços virtuais,
Janaina Vece.
EDUMAPED.
Referência:
FELICETTI, V. L.; GIRAFFA, M. M. L. Matofobia: Infelizmente uma realidade escolar. Como evitar isto? EBRAPEM. UNESP, Rio Claro, 2008. Disponível em: <http://www2.rc.unesp.br/eventos/matematica/ebrapem2008/upload/38-1-A-gt11_felicetti_tc..pdf> Acesso em 29 set. 2020.
VECE, J. P. Pequenas crianças, grandes Matemáticos!. In: Luzia Estevão Garcia. (Org.). Escola e Família 3 anos. 1ed.São Paulo: FTD, 2019, v. 1, p. 14-23.